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27 de março de 2014
Serpente-marinha passa meses sem beber água
A serpente-marinha-de-barriga-amarela (Hydrophis platurus) foi descrita na última edição da revista Proceedings of Royal Society B. Ela vive nos mares do leste do Pacífico e possui vários mecanismos para se proteger dos danos ocasionados pela água salgada.
“Sua sobrevivência está ligada à alta tolerância à desidratação; baixo nível de perda de água; capacidade de eliminar o excesso de sal graças à glândulas salinas, além do rim, e à pele impermeável ao sódio, o que regula sua absorção”, explica o autor do estudo, Harvey Lillywhite.
Lillywhite, professor de biologia da Universidade da Flórida, acrescenta que as serpentes acabam ingerindo uma grande quantidade de sal, seja quando engolem a água do mar enquanto caçam ou enquanto devoram suas presas.
Lillywhite e sua equipe estudaram uma população de serpentes-marinhas-de-barriga amarela do Golfo de Papagayo, localizado no litoral noroeste de Guancaste, na Costa Rica.
Depois de trazê-las para o laboratório, os cientistas descobriram que essa espécie consegue tolerar um nível de desidratação impressionante. Na natureza, as serpentes chegam a suportar esse estado durante seis a sete meses. No entanto, os espécimes capturados após períodos sazonais de chuvas fortes estavam repletos de água.
Essas serpentes passam grande parte do tempo em diversas profundidades, vindo à superfície periodicamente para respirar. Os pesquisadores suspeitam que elas também o fazem depois de chuvas torrenciais, para beber a água doce que se acumula por pouco tempo na superfície do oceano.
As cobras não lambem a água para beber. “Elas simplesmente engolem a água e, em seguida, fecham a boca, forçando-a a entrar no estômago”, explica Lillywhite .
Portanto, alterações climáticas sazonais são uma questão de vida ou morte para essas serpentes. Infelizmente, a população de algumas espécies está diminuindo e outras foram extintas devido à seca prolongada. Isso já aconteceu em algumas áreas no norte da Austrália. Modelos de mudanças climáticas sugerem que as áreas de seca nos trópicos podem se expandir ou se intensificar no futuro.
“Não há nada que se possa fazer além de combater as mudanças climáticas ligadas à atividade humana, como a queima de combustíveis fósseis”, alerta Lillywhite , acrescentando que a exploração de petróleo também ameaça as serpentes e outros animais marinhos. “Podemos tomar medidas para proteger as zonas costeiras onde as serpentes marinhas são abundantes devido à grande precipitação local”, sugere.
Harold Heatwole, professor de zoologia da Universidade Estadual da Carolina do Nortem, também especialista em serpentes marinhas, concorda com as descobertas. Segundo ele, algumas espécies, como a do estudo, “precisam beber água doce porque sua glândula salina não consegue processar o sal. Nunca encontramos um exemplar capaz de beber água do mar para se hidratar”.
Não é à toa que essas serpentes engolem água vorazmente depois de grandes tempestades. Afinal, elas estão com sede há mais de meio ano.
Fonte: Animal Planet
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